[Entrevista] Insights sobre as oportunidades da Inteligência Artificial na Gestão de Projetos

Escrito por Roberto Gil Espinha

23 out 2023

12 min de leitura

Em um mundo em que a automação e a eficiência são fundamentais, a inteligência artificial (IA) tem se destacado como uma poderosa aliada na gestão de projetos. Ela promete acelerar tarefas, otimizar recursos e melhorar a tomada de decisões. No entanto, à medida que a IA se torna uma parte cada vez mais presente nos projetos, surgem questões que merecem ser discutidas. 

Convidamos André Ricardi, consultor da EasyBOK, e Leonardo Bretas, mentor e consultor, ambos especialistas em gerenciamento de projetos e profissionais entusiastas de tecnologia e inteligência artificial para desmistificar os impactos dessa tendência, que está revolucionando a operação e estratégia de diversos segmentos de negócio.

Criatividade e IA

A IA promete acelerar processos e automatizar tarefas, mas isso pode resultar em gestores de projetos menos inclinados a buscar soluções criativas? É crucial debater como a IA pode tanto estimular quanto desafiar a criatividade no contexto da gestão de projetos.

artia:

Leonardo, a IA atua como uma ferramenta para desbloquear o potencial criativo dos gestores de projetos ou ela desestimula a criatividade? Existe um equilíbrio a ser alcançado entre a automação da IA e a criatividade dos profissionais de projetos?

Leonardo Bretas:

Isso vai depender da intenção do gestor de projeto. Na minha opinião a IA atua fortemente como desbloqueio de potencial criativo e impulsiona o desenvolvimento dos trabalhos. Automatizar tarefas é extremamente benéfico ao processo como um todo, pois ganhamos tempo para focar em atividades mais estratégicas.

A inteligência artificial pode desempenhar um papel valioso como ferramenta para apoiar e amplificar a criatividade humana. Ao automatizar tarefas repetitivas e gerenciamento de dados, a IA libera os gestores de projeto para se concentrarem em pensamento estratégico e criativo.

No entanto, é importante sim encontrar o equilíbrio certo entre automação e espaço para imaginação humana. Delegar demais para a IA pode levar a uma atrofia das habilidades criativas se não formos cuidadosos.

O ideal é usar a IA para lidar com processos padronizados enquanto preservamos atividades que requerem insight, intuição e visão sistêmica para a mente humana. Dessa forma, podemos nos beneficiar do melhor dos dois mundos: eficiência computacional e cognição humana trabalhando em conjunto para potencializar a criatividade.

O bom gestor de projetos entende que a automação irrestrita não é o caminho. Em vez disso, procura integrar IA e talentos humanos para alcançar níveis mais elevados de inovação. Essa parceria de complementaridade, e não competição, entre humanos e IA é o futuro da gestão de projetos.

Inteligência emocional e IA

A inteligência emocional desempenha um papel fundamental na gestão de projetos, especialmente quando se trata de liderança e colaboração. Com a automação crescente proporcionada pela IA, novos limiares são estabelecidos entre a conexão emocional e as equipes. Assim é essencial discutir como a IA afetará as habilidades interpessoais e emocionais necessárias para liderar com sucesso projetos complexos.

artia:

Na sua visão André, com a crescente automação, como os gestores de projetos podem equilibrar a presença da IA com o aspecto humano? Como os gestores de projetos podem desenvolver habilidades emocionais e interpessoais para complementar a IA? Quais habilidades emocionais serão ainda mais valorizadas?

André Ricardi:

A automação vem em uma crescente desde que eu estou no mercado. Como analista de sistemas, ouço desde a década de 80 quando estava na graduação que os sistemas e a automação vão acabar com os empregos e as pessoas vão “morrer de fome”. De fato, quem não se adapta e evolui nas suas funções pode ficar para trás, mas somente se estiver acomodado e não perceber as oportunidades que se abrem sempre que outras se fecham. Especificamente para a gestão de projetos, não é diferente. O que ocorre entre as diversas profissões é que algumas apresentam maiores possibilidades de automação, outras menos. Quem souber aproveitar melhor vai se destacar.

Os gestores podem desenvolver as habilidades emocionais necessárias da mesma forma que sempre desenvolveram. O que vai acontecer é que parte do que atualmente se interage com outras pessoas passará a ser feito por um “assistente virtual de IA”, que vai desempenhar em parte melhor do que os humanos. Já pensou que isso pode representar uma oportunidade de melhorarmos as relações humanas, já que as atividades corriqueiras serão desempenhadas pela IA, e teremos mais tempo para conviver com humanos?

Entre as habilidades mais valorizadas, a liderança e a colaboração continuarão sendo fundamentais e com constante oportunidade de melhoria. Eu penso que a cada dia podemos melhorar como seres humanos, e, portanto, também como líderes e profissionais com espírito colaborativo. Quem percebe que precisa dos outros para desempenhar melhor o que faz, provavelmente sempre estará um passo á frente.

Estratégia e IA

A IA não se limita à automação de tarefas; ela também pode influenciar a tomada de decisões estratégicas. Com isso em mente, é importante entender como a IA está mudando a forma como os gestores de projetos pensam e abordam a gestão em um nível estratégico. 

artia:

De que maneira a IA está moldando a estratégia na gestão de projetos? Ela pode inspirar uma mudança fundamental na mentalidade dos gestores de projetos? Como a IA afeta a competitividade e a estratégia de negócios no contexto dos projetos?

Leonardo Bretas:

A inteligência artificial está moldando profundamente a estratégia em gestão de projetos. Mais do que uma ferramenta de otimização, a IA tem o potencial de mudar radicalmente como os projetos são gerenciados e decisões são tomadas.

Para tirar proveito máximo da IA, os gestores devem incorporá-la desde a concepção do projeto, repensando processos e modelos de negócio. Isso requer não só pensamento analítico para avaliar insights, mas também criatividade e visão estratégica.

É crucial ter supervisão humana ativa no processo, para garantir que vieses não sejam introduzidos e riscos sejam gerenciados. A IA bem integrada em todos os níveis, com responsabilidade, pode levar a inovações extraordinárias.

Em resumo, os gestores têm a oportunidade de usar a IA para transformar competitividade e estratégia. Mas isso exige mais do que adotá-la como ferramenta. Requer liderança proativa para integrá-la em profundidade, com um mindset focado em revolucionar processos e modelos de negócio por meio dessa tecnologia. Essa abordagem holística liberará todo o potencial da IA na gestão moderna de projetos.

Ética na gestão de projetos e IA

Confiar decisões importantes à IA levanta questões éticas críticas. Com a IA se tornando cada vez mais avançada e autônoma, é fundamental explorar os limites éticos de sua utilização na gestão de projetos.

artia:

André, quais são as implicações éticas de delegar decisões importantes a sistemas de IA? À medida que a IA se torna mais avançada, quais são os limites éticos que devemos considerar ao usá-la na gestão de projetos?

André Ricardi:

Sobre os limites éticos, serão descobertos a seu tempo. O grande desafio não é a IA ser ética ou não, mas o uso que as pessoas com ética duvidosa farão dela é que precisa ser pensada. Tenho dito há muito tempo que as invenções humanas, em grande parte, não são criadas para prejudicar o próximo ou levar vantagens com ética duvidosa. O que precisa ser pensado é o uso que se faz disso. A IA sendo utilizada por pessoas éticas, terá resultados éticos. Isso vale para qualquer tecnologia ou ferramenta que o homem utilize.

Segurança e IA

A segurança dos projetos é uma prioridade absoluta. A automação da IA pode trazer riscos adicionais à segurança dos dados e processos. Portanto, é essencial discutir medidas de segurança e cuidados que os gestores de projetos devem tomar ao implementar soluções de IA.

artia:

Quais são os riscos e cuidados que os gestores de projetos devem considerar ao integrar a IA em seus processos? Como a IA pode aumentar a complexidade e a exposição a riscos nos projetos? Como lidar com mudanças tecnológicas contínuas na área de IA?

Leonardo Bretas:

A adoção da IA traz riscos significativos que os gestores de projeto devem endereçar proativamente:

– Segurança e privacidade de dados são críticos. Protocolos rígidos, supervisão humana e contingência para falhas são essenciais.

– Equidade, diversidade e mitigação de vieses devem ser prioridade máxima em dados e algoritmos. Auditorias frequentes ajudam.

– Times multidisciplinares com especialistas em ética de IA podem avaliar e gerir riscos mais efetivamente.

– Capacitação contínua em IA é crucial para que gestores e times acompanhem as mudanças tecnológicas.

Integrando IA com responsabilidade, nós podemos desbloquear seu potencial transformador, minimizando riscos para projetos e organizações. Liderança proativa, supervisão humana e times diversos são elementos chave nesse processo.

Sobre as mudanças tecnológicas contínuas precisamos ter pessoas motivadas nas equipes de gestão de projetos que queiram aprender mais e mais sobre IA e utilizarem esse aprendizado em sua rotina de trabalho. A busca pelo conhecimento de cada um é fundamental para melhorarmos a nossa gestão de projetos dia após dia.

Como usar a IA na Gestão de Projetos?

A eficácia da IA na gestão de projetos depende em grande parte da formulação correta de comandos e prompts. Portanto, é fundamental explorar como os gestores podem escolher comandos adequados e medir a eficácia das interações com a IA.

artia:

Como os gestores de projetos podem aprimorar suas habilidades na formulação de comandos para a IA? Qual o papel da capacitação na escolha dos prompts adequados? Como medir a eficácia das interações com a IA na gestão de projetos? Existe algum treinamento ou capacitação que permita aos gestores escolherem esses prompts?

André Ricardi:

Os gestores podem aprimorar suas habilidades como qualquer outra pessoa ou profissional. Entendendo como ela funciona e avaliando cada ponto que pode ser explorado. Eu criei um curso que ensina o básico a respeito, e aprimorei um outro mais avançado que mostra caminhos para este aprimoramento, inclusive conectando com gestão ágil e híbrida de projetos. Não existe uma fórmula mágica ou uma receita de bolo. O caminho tem que ser seguido por cada um, pois cada um terá um caminho diferente. É ilusão acreditar que existe uma jornada com esforço mínimo ou fácil. Quem seguir nesse caminho certamente não terá sucesso.

A escolha do prompt certo passa por descobrir o que de fato se deseja. Se eu perguntar de forma inadequada, a IA vai seguir um caminho que eu não desejo. Então, é preciso entender como seu prompt será interpretado, definir o que de fato se deseja e estruturar o prompt nesse sentido. Quem não sabe perguntar não terá as melhores respostas. O filme IA mostra bem isso quando o cientista deixa um holograma desenvolvido com inteligência artificial para responder as perguntas depois que ele morre. Se a pergunta for a errada, a resposta também será. Mas qual é a pergunta certa? Quem está perguntando precisa estar preparado e saber perguntar.

Agora sobre a medição da eficácia das interações, podemos validar se as respostas e efeitos que estão sendo entregues pela IA estão atendendo às expectativas dos stakeholders do projeto, assim como quando utilizamos qualquer método, técnica ou ferramenta. Se eu não sei o que eu preciso, então nunca seguirei pelo caminho correto, ou mais eficaz, ou menos conflituoso. Minha experiência me diz que normalmente o problema está em definir o que se quer, e não na ferramenta ou técnica que se utiliza. Pense a respeito se não é isso que está acontecendo com você.

Se você está em busca de treinamentos ou capacitações, existem alguns no mercado, mas assim como nas respostas anteriores, é importante definir exatamente onde se pretende chegar. Se você estiver começando e quiser aprender sobre IA, temos um curso gratuito que pode te ajudar. Confira em:

Se você já participa de projetos, sendo líder ou não, pode se especializar e conectar gestão ágil e híbrida de projetos em um curso prático e com muitos cases.

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Ainda em dúvida sobre como a inteligência artificial pode ajudar a melhorar a produtividade das equipes e apoiar a entrega de projetos de alta performance? O artia desenvolveu uma MASTERCLASS GRATUITA em parceria com o Leonardo Bretas, apresentando aplicações práticas de ferramentas de Inteligência Artificial para o planejamento, acompanhamento e melhoria da operação de gestão de projetos. Inscreva-se gratuitamente: 

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.