Como a cultura organizacional ajuda o planejamento de projetos?

Escrito por Roberto Gil Espinha

13 Apr 2017

6 min de leitura

Não é raro encontrar empresas com dificuldades em se desenvolver no gerenciamento de projetos por razões simplesmente culturais. A depender da maturidade em gestão, os colaboradores podem se acomodar, ou ser proativos, se sentir desestimulados ou criativos.Ou seja, a cultura organizacional é um aspecto muito importante que pode tanto beneficiar quanto prejudicar o negócio. E se não houve cuidado, por exemplo, a cultura organizacional pode se tornar uma barreira quase intransponível, impedindo que muitos gestores exerçam um planejamento de projetos, de fato, eficiente.
Para entender melhor como a cultura organizacional ajuda no planejamento de projetos e se relaciona com os resultados da empresa, acompanhe os tópicos seguintes!

O que é cultura organizacional

Em síntese, a cultura organizacional corresponde a um conjunto de padrões de comportamento, certas posturas ou modos de agir, que impregnam a rotina da empresa. É uma mentalidade intrínseca observada no comportamento de cada um dos colaboradores, criando modelos e norteando as atitudes das equipes.

No dia a dia, é muito simples perceber as características culturais de uma empresa — ela pode estar refletida no horário de trabalho flexível, nos padrões de qualidade e nos trajes de trabalho padronizados.

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Modelos culturais no planejamento de projetos

Antes que seja mais destrinchada a relação entre o planejamento de projetos e a cultura da empresa, é preciso tomar conhecimento do que a literatura apresenta como sendo os quatro tipos de cultura:

Cultura do poder

Se aplica mais às empresas de porte menor, sobretudo porque o poder se mantém concentrado em um ponto central, com poucas interfaces, processos, regras e procedimentos.
Sendo assim, essas organizações não podem ser conceituadas como processuais. Valorizam o profissional (especialmente, por seus resultados) e demonstram um alto índice de rotatividade na área intermediária da hierarquia.

Cultura de papéis

Tem como principal característica apresentar lógica e racionalidade bem presentes. Organizações com esse tipo de cultura costumam lidar com descrição de tarefas, definição de autoridade, procedimentos e regras para a solução de conflitos.
Diferentemente do que acontece na cultura do poder, que reage de forma rápida às ameaças, a organização que apresenta a cultura de papéis é lenta em suas intervenções.

Cultura da tarefa

Como o próprio nome diz, a cultura de tarefa é orientada, sobretudo, para o trabalho e para os projetos. Em organizações com esse tipo de cultura, a criação de equipes heterogêneas para promover soluções é valorizada e fomentada. Consequentemente, promove-se uma reação rápida e criativa.
Ainda que o clima organizacional costume ser mais agradável, as organizações com a cultura da tarefa lidam com disputas por recursos, demandando por um maior rigor no estabelecimento de normas e procedimentos.

Cultura da pessoa

Finalmente, o último tipo é a cultura da pessoa, considerada de ocorrência rara pelos especialistas, pois está atrelada aos indivíduos e ao seu prestígio. Uma consultoria que conte com um profissional considerado referência em determinada área é um bom exemplo de uma empresa com esse tipo de cultura.

Mudança cultural

Agora que já são conhecidos os tipos de cultura, é importante ter em mente que o processo de mudança cultural deve partir, sobretudo, dos gestores. Afinal, são deles que provêm os princípios e valores da empresa. Ou seja, não importa se diretamente ou indiretamente: todos os gerentes de projeto são responsáveis pela consolidação e pela mudança cultural na empresa onde atuam.

Convém destacar que a ocorrência de fatores externos pode ultrapassar o controle do gerente de projetos. Um acontecimento grave ou muito expressivo, por exemplo, pode fazer com que uma mudança cultural drástica seja necessária.

Um bom exemplo é a companhia de telecomunicações Telefônica. Depois de ter sua reputação comprometida, a empresa comprou a Vivo, recobrindo-se da marca e de seus padrões de qualidade na prestação de serviços. Essa estratégia culminou na mudança radical da cultura organizacional da empresa.

Planejamento de projetos versus cultura

Observando os tipos de cultura listados, é possível afirmar que se a cultura organizacional for orientada para as tarefas ou para os papéis, é natural que certos ofensores ao planejamento de projetos já tenham sido extintos ou estejam em fase de resolução.

Logo, compete ao gerente de projetos liderar esse processo de evolução, propondo ferramentas e técnicas que já tenha experimentado e logrado êxito em outras organizações, por exemplo, para que possa amadurecer a cultura de gestão onde atua.

Por outro lado, caso a organização esteja estruturada na cultura do poder ou mesmo na cultura da pessoa, os esforços movidos em prol do planejamento de projetos terão que ser ainda mais árduos.

Afinal, para comprovar as vantagens que a organização conquistará com a implementação de uma metodologia de gerenciamento de projetos, é provável que deva superar grandes obstáculos até que se alcance o principal responsável pela tomada de decisão.
De todo modo, o gerente de projetos precisa ter a consciência de que a cultura organizacional é dinâmica, solidificada em experiências e valores, mas suscetível a outros aspectos.

Não é necessário pensar muito para compreender esse dinamismo em sua essência. No passado, apenas algumas décadas atrás, por exemplo, bicicletas eram veículos muito utilizados para a locomoção por diferentes tipos de pessoas.

Tempos mais tarde, esses meios de transporte foram deixados de lado, pois, dado o advento do automóvel, as bikes começaram a ser consideradas meios de locomoção de pessoas com menor poder de compra.

Todavia, nos dias de hoje, andar de bicicleta é visto como uma atitude sustentável, uma prática saudável que contribui não só para uma melhor forma física, como faz parte de um comportamento ecologicamente correto.

Finalmente, por mais que mudar uma cultura organizacional não seja uma missão simples, também não se trata de algo impossível. Afinal, exige dos gestores competências que transcendem sua determinação e suas habilidades, já que contemplam também a variável tempo.

É preciso dedicação, paciência e atenção aos resultados que se mostram ao longo dos esforços, assim o gestor pode ser um agente de mudança em prol de cultura organizacional de planejamento de projetos.

Pronto para promovê-la na sua empresa? Não se preocupe: se tiver alguma dúvida ou dificuldade, basta deixar um comentário aqui no post!

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.
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