Micromanagement: 6 dicas simples para evitar na sua equipe

Escrito por Roberto Gil Espinha

04 Aug 2021

9 min de leitura

Se você já tem um pouco mais de tempo de carreira, é provável que já tenha trabalhado em uma equipe cujo líder microgerenciava todo o trabalho. O microgerente é aquele líder que tenta controlar cada detalhe do fluxo de trabalho, não permite ideias além das próprias, acredita que o jeito dele de fazer as coisas é o único correto e acaba sobrecarregando a equipe e a si mesmo. É por isso que micromagement é considerado um estilo abusivo de liderança.

Será que o líder da sua equipe é assim? Ou ainda, será que você lidera a sua equipe dessa forma? Nesse texto, vamos ensinar como identificar micromanagement e como evitá-lo, criando um ambiente de trabalho mais saudável. Vamos começar?

O que é micromanagement?

Micromanagement é uma forma de gestão na qual o líder controla cada detalhe do processo de trabalho, auditando todos os passos e impedindo qualquer tipo de liberdade de decisão por parte do colaborador.

Isso é prejudicial para todas as partes envolvidas. Os membros da equipe logo se veem esgotados e com a confiança e autoestima profissional minadas, pois o microgestor os convence de que seu trabalho nunca é bom o suficiente.

O gestor, por sua vez, fica tão sobrecarregado por ter que auditar cada passo que os colaboradores dão (e às vezes até fazendo o trabalho da equipe sozinho) que logo se vê atolado em pilhas de trabalho para fazer.

Esse modelo de gestão é contraproducente e desfavorece a inovação, pois não permite que a equipe dê ideias e participe da construção do processo. Além disso, o micromanagement torna a equipe dependente do líder. Logo, uma vez que ele esteja ausente, o processo de trabalho será severamente impactado. Em alguns casos, a equipe sequer será capaz de tocar as atividades por conta própria.

Quais as causas do micromanagement?

Há uma série de fatores que podem levar um gestor a agir dessa forma, e uma delas é a cultura organizacional. Quando uma empresa cria uma cultura de microgerenciamento, fica muito difícil fugir dessa lógica. A melhor solução, nesses casos, é uma visão externa que seja capaz de promover a mudança, como um consultor ou um novo CEO, por exemplo.

Outro fator comum é o comportamento individualista do líder. Alguns gestores podem sentir-se apegados às suas atividades operacionais, mostrando-se incapazes de abandoná-las ao serem promovidos a um cargo de liderança. A partir daí, esse gestor começa a microgerenciar o trabalho e tomar as atividades para si, pois não acredita que os membros do time são capazes de desempenhar as atividades com a qualidade com a qual ele as desempenha.

Além disso, um gestor pode agir dessa forma quando tem medo de que resultados ruins na equipe impactem em sua imagem como líder dentro da empresa. A partir disso, ele inicia uma verdadeira jornada em busca da inatingível perfeição, utilizando mecanismos de controle a partir da posição hierárquica que ocupa para controlar tudo o que é produzido pelo time.

Por que micromanagement é ineficiente?

Essa busca por perfeição é uma guerra perdida. Afinal, perfeição não existe, certo? Logo, a única coisa que um microgerente consegue é minar a confiança do time, sobrecarregá-los com solicitações de alteração em entregas, prejudicá-los emocionalmente e desmotivá-los. Por fim, é muito provável que surjam muitos casos de demissão construtiva (quando o colaborador pede demissão devido ao comportamento do gestor ter se tornado intolerável), gerando altas taxas de rotatividade.

Situação complicada, não é mesmo? Se você tem dúvidas se a sua equipe está passando por um contexto de microgerenciamento, fique tranquilo, pois listamos os 8 sinais de que isso está acontecendo, e ainda mostramos como solucionar esse problema. Confira:

8 sinais de micromanagement na sua equipe

1-      O gerente controla coisas banais

Essa característica é muito comum em casos de microgerenciamento. Quando o líder quer controlar até mesmo as coisas mais banais, como idas à cozinha ou ao banheiro, temos um forte indicativo de microgerenciamento.

2-      Tudo (tudo mesmo) precisa passar pela aprovação do líder

É natural que as entregas tenham que passar pela aprovação de algum indivíduo no final. Entretanto, quando absolutamente qualquer ação ou passo precisa passar pela aprovação do gestor, mesmo em equipes mais experientes, isso pode indicar que há microgerenciamento.

3-      O líder quer ser copiado em todos os e-mails

Querer vigiar cada passo dos colaboradores é uma característica do micromanagement. Isso inclui a necessidade de copiar o líder em todos os e-mails, mesmo aqueles que não tratam de questões relevantes para a gestão.

4-      O gestor gosta de fazer as tarefas dos subordinados

É comum, no micromanagement, que o gestor, ao desaprovar as entregas da equipe, decida fazer o trabalho por conta própria. Assim, ele acaba deixando de lado as tarefas administrativas e assume para si as partes mais operacionais do processo.

5-      O líder não sabe delegar

Um microgestor não consegue delegar. Ele assume a posição de liderança, mas quer continuar fazendo toda a parte operacional. Como não confia no trabalho da equipe, tende a acreditar que é o único capaz de realizar a maioria das tarefas. Em outras palavras: delegar não é o ponto forte desse líder.

6-      Novas ideias e iniciativas não são bem-vindas

Todo esse cenário impede que os funcionários criem e apliquem novos conhecimentos e formas de trabalhar. Para o microgestor, apenas o jeito dele de fazer as coisas está certo, e ele não vai permitir que novas ideias ou iniciativas sejam aplicadas.

7-      Não há repasses de conhecimento

Em alguns casos, um mentor pode revisar as entregas de iniciantes e oferecer feedbacks e ensinamentos a partir da revisão. Esse não é o caso quando há micromanagement. Na verdade, esse tipo de líder vai apenas criticar a forma que os membros da equipe desempenham o trabalho e não vai ensinar técnicas ou repassar conhecimentos.

8-      Não há autonomia profissional

O resultado de todo esse esquema de liderança é a total falta de autonomia profissional na equipe. Ou seja, o time se torna “refém” do líder, e não é capaz de trabalhar em sua ausência. Um possível afastamento do gestor pode comprometer todo o trabalho da equipe.

Péssimo, não é mesmo? Por isso, separamos 6 dicas para que você evite o microgerenciamento na sua empresa e nos seus projetos. Vamos ver quais são?

Como evitar o microgerenciamento em 6 dicas

1-      Mantenha princípios ágeis

Quando trabalhamos com metodologias ágeis, não há espaço para microgerenciamento. Na verdade, a ideia é dar mais autonomia para a equipe, garantindo a flexibilidade necessária para que os projetos possam se adaptar às mudanças de cenário.

É sempre bom lembrar que ser ágil no mundo de hoje, que está em constante mudança, é fundamental. Para entender melhor esse tema, confira nosso e-book sobre metodologia ágil e tradicional.

2-      Faça bons processos de contratação

Bons profissionais sabem fazer o trabalho sem precisar de um chefe autoritário vigiando cada passo. Logo, um bom caminho para fugir do micromanagement é realizar bons processos de recrutamento e seleção, para contratar profissionais capazes de trabalhar com autonomia e excelência, sem a necessidade de uma supervisão tão rígida.

3-      Capacite a equipe

Outra forma de dar autonomia para os profissionais é a capacitação. Capacitar o time por meio de treinamentos, mentoria, repasse de conhecimentos e outras técnicas vai permitir que os colaboradores sejam capazes de trabalhar de forma autônoma, sem a necessidade de revisões e cobranças constantes.

4-      Tire “as rodinhas da bicicleta” aos poucos

Caso você esteja trabalhando com uma equipe inexperiente, é natural que os membros do time precisem de mais supervisão e algumas entregas precisem ser revisadas. Entretanto, é necessário capacitar essas pessoas através dos feedbacks, para que elas possam aprender a partir dos erros.

Assim, você pode ir “tirando as rodinhas da bicicleta”, por assim dizer. Ou seja, conforme os profissionais evoluem e ficam mais experientes, você pode abrir mão das revisões e da supervisão mais rígida.

5-      Mantenha a mente aberta

O seu jeito de fazer as coisas não é o único jeito certo e possível. Abrir mão do micromanagement é também abrir a mente, para permitir que o time dê ideias e sugestões de melhoria no processo de trabalho. Isso favorece a inovação, a agilidade e a melhoria contínua dos processos.

6-      Incentive o trabalho em equipe

Micromanagement tem suas bases no individualismo e centralismo do líder. Portanto, o incentivo ao trabalho em equipe e a ajuda mútua entre os membros do time é fundamental para evitá-lo. Quando a própria equipe é capaz de se organizar, apoiar e até revisar as entregas mutualmente, o líder não precisa centralizar o controle todo para si.

Uma cultura colaborativa não surge da noite para o dia. Porém, algumas ações e mudanças de comportamento podem ajudar a criar um ambiente propício ao trabalho em equipe e sem terra fértil para o micromanagent. Para te ajudar com isso, fizemos o Guia Definitivo para a Organização do Trabalho em Equipe. Nele, explicamos as 7 etapas vitais para organizar o trabalho do time e aumentar a produtividade e colaboração.

Outra maneira muito eficaz para aumentar a colaboração e produtividade do time é gerando engajamento com Gamification. Saiba como:

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.
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