Gráficos de Burndown e Burnup: o que são e quais as diferenças

Gráficos de Burndown e Burnup: o que são e quais as diferenças

Escrito por Roberto Gil Espinha

27 maio 2019

7 min de leitura

Fazer uma gestão eficiente de projetos é desejo de todo líder, independente do setor. Quando falamos de tecnologia e desenvolvimento, a importância da gestão é ainda mais evidente: serviços de difícil mensuração de tempo, imprevisibilidade de alterações e outros obstáculos recorrentes.

Quem sofre com as dores da gestão de projetos precisa de ferramentas que auxiliem a tornar as informações claras e palpáveis, para que possam servir de parâmetro para decisões e novos processos para os membros da equipe.

Uma forma muito funcional de metrificação e análise do desempenho de sua equipe é a ferramenta de gráficos de burndown e burnup. Esses gráficos fazem parte do Scrum e podem ajudar – e muito – no entendimento dos processos de seu projeto. Entenda o que são, suas diferenças e como se aplicam.

Gráficos de Burndown e Burnup

Burndown e burnup são gráficos que ajudam gestores a acompanharem o andamento da equipe em projetos, considerando tempo, esforço e prazo de entrega. Os gráficos de burndown e burnup permitem que a agenda proposta para alguma atividade seja observada e avaliada, revelando quando aconteceram eventuais atrasos e quais foram as implicações no cronograma do projeto. Esses gráficos são ferramentas do Scrum para equipes de metodologia de projeto ágil.

O Scrum é um conjunto de melhores práticas ágeis para gestão de projetos de alta performance. Para você entender em todos os detalhes, pode conferir o material que preparamos só sobre o Scrum, mas em síntese vale você saber que o Scrum organiza os processos e a equipe em sprints, que são períodos de 2 a 4 semanas, geralmente demarcadas pela entrega de alguma funcionalidade do software ou sistema em desenvolvimento (considerando esta área no exemplo).

As diferenças entre os gráficos de burndown e burnup estão, principalmente, na forma como os dados são apresentados. Para a gestão do projeto, o uso de ambos pode ajudar diretamente líderes e equipes a analisarem suas capacidades de acompanhamento do planejamento.

Utilizar bem os dois gráficos pode sanar dúvidas como: o quanto minha equipe é capaz de entregar? Que prazos poderemos cumprir? O quanto conseguimos planejar nossas atividades e como tornar esse planejamento mais realista?

Mas o que é cada um desses gráficos? Continue lendo e descubra!

O que é o gráfico de Burndown

O gráfico de burndown (que significa em tradução livre queimando para baixo) é formado por dois eixos: o eixo Y (vertical), que representa a demanda de trabalho a ser queimada; e o eixo X (horizontal), que representa o tempo – a quantidade de dias ou horas de trabalho para queimar a demanda.

gráfico de Burndown

Esse gráfico é representado em duas linhas. A primeira é a linha ideal, reta, de cima para baixo, que representa a demanda completa de trabalho no começo do projeto (no topo, na esquerda) e que vai até o ponto mais baixo à direita, onde fica a previsão de conclusão do projeto no cronograma.

Já a segunda é a linha real, que revela como a equipe se comportou com relação à projeção de uso do tempo para a demanda. Em geral, a linha real fica em uma dessas três possibilidades:

  1. Linha sem fim: passa longe do traçado da linha ideal, oscilando fora da direção do cronograma do projeto. E o pior: nunca alcança o ponto zero, ou seja, representa que a equipe não cumpriu o planejamento (o que por si só já mostra que é necessário uma alteração na gestão do projeto). A linha sem fim geralmente é causada por alterações cujo tempo necessário não foi colocado no cronograma, desunião de membros da equipe ou expectativa irreal de desempenho;
  2. Linha instável: chega ao ponto zero e cumpre o prazo, mas sua execução inclui uma instabilidade em relação ao planejado, pois faz uma curva pra longe da linha ideal. Geralmente indica que um membro da equipe pode ter descumprido algum prazo, alguma falta de atualização das estimativas ou algum fato isolado com a equipe;
  3. Linha real-ideal: não com a mesma precisão da linha ideal, segue com pequenas variações o fluxo reto em direção ao prazo e ao cumprimento das demandas. É a representação de um projeto bem planejado e de uma equipe que cumpre as etapas propostas pela gestão.

O gráfico de burndown revela não apenas se o prazo foi cumprido ou não, mas principalmente como a equipe lidou com o fluxo de atividades durante a sprint (ou outro período de tempo pré-determinado). Quando bem utilizado, este gráfico é um guia para que o líder possa oferecer à equipe um planejamento real de cada parte do projeto.

Principalmente no que diz respeito a projetos de TI (Tecnologia da Informação), identificar problemas e apresentar soluções, como apresentamos num post só sobre isso, é fundamental para que sua equipe consiga não apenas visualizar os dados dos gráficos, mas buscar entendê-los realmente.

O que é o gráfico de Burnup

O gráfico de burnup apresenta, assim como o gráfico de burndown, o ponto do cronograma com o prazo de entrega planejada (representado no eixo X, horizontal). A diferença é que o eixo Y, vertical (que representa as entregas), exibe em que ponto a equipe está ao longo da sprint, revelando o quanto de progresso já houve enquanto a linha sobe (queimando para cima) em direção ao ponto final.

gráfico de Burnup

No gráfico de burnup a linha ideal é também uma reta, que vai do início do projeto ao fim. É importante lembrar que alterações no escopo do projeto podem alterar a linha, fazendo com que ela tenha acréscimo ou diminuição de demandas.

A linha real, que representa a produtividade realmente desempenhada pela equipe, também pode ser visualizada de três formas principais: a linha que não chega no fim da demanda até o fim do cronograma; a linha que chega mas sem seguir o planejamento da sprint e queimando para cima muito em algum dos dias e pouco em algum outro; e a linha real-ideal que segue o planejamento e vai até o fim da tarefa dentro do prazo estipulado.

O gráfico de burnup, diferente do gráfico de burndown, vê o ponto final no alto e busca alcançá-lo, cumprindo as etapas da sprint. Essa perspectiva permite que o gestor visualize o que falta e em que etapa sua equipe se encontra.

Burndown e burnup: diferenças importantes

Os dois gráficos têm o objetivo de facilitar a visualização do andamento de um projeto acerca da demanda e do cronograma de esforço para sua entrega. Uma das diferenças centrais é que enquanto o gráfico de burndown dá ênfase a quanto falta para o objetivo, o gráfico de burnup exibe o que a equipe já desempenhou até o momento.

Burndown e burnup: diferenças importantes

Um diferencial do gráfico de burnup é que pode-se fazer uma projeção acerca do cronograma. Considerando semana a semana, é possível analisar o quanto a linha já queimou para cima e o quanto ainda falta para subir no planejamento, permitindo uma projeção de cumprimento e possíveis adequações necessárias.

A diferença central está na forma como os dados são entregues. Cabe ao líder do projeto visualizar os gráficos e perceber qual auxilia melhor em cada etapa da gestão (apresentação ao cliente, trabalho com a equipe, prestação de contas à direção etc.).

Agora que você já viu como os gráficos de burndown e burnup podem auxiliar no planejamento de seu projeto, aproveite para aprender ainda mais com nosso e-book Tudo o que você precisa saber para otimizar Gestão de Projetos de TI. Um guia completo para você revolucionar suas práticas de gestão de projetos!

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.
Comentários (1)
  • Excelente artigo, poderiam acrescentar exemplos práticos de construção dos Gráficos em planilhas do Excel por exemplo.

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