Matriz de Rastreabilidade de Requisitos: saiba como gerenciar as mudanças no escopo

Escrito por Roberto Gil Espinha

30 jul 2020

7 min de leitura

Publicado em: 30|07|2020

Não importa o tipo de projeto com qual você esteja trabalhando, ele sempre estará sujeito a alterações inesperadas. Se não forem bem controladas, essas alterações podem acabar interferindo na entrega dos requisitos do projeto. Uma ferramenta importante para ajudar a evitar esse cenário é a matriz de rastreabilidade de requisitos.

A matriz de rastreabilidade ajuda a fazer um bom gerenciamento e controle das mudanças no escopo e é essencial para que o projeto seja bem-sucedido e atenda às expectativas dos stakeholders.

Nesse post, falaremos sobre o gerenciamento de requisitos, como a matriz se aplica nesse gerenciamento e como fazer uma. Siga lendo para descobrir.

O que são requisitos em projetos?

Requisitos em projetos são necessidades dos stakeholders, condições que precisam ser atendidas pelo projeto ou por suas entregas. Comumente associados a projetos de software, os requisitos e a matriz de rastreabilidade fazem parte do gerenciamento de diversos tipos de projeto.

Um requisito de um projeto de construção de uma casa, por exemplo, poderia ser a utilização de apenas tijolos laminados. Já um requisito do produto poderia ser que a casa deve ter, no mínimo, 4,5 metros de altura.

Agora que você entendeu o que são requisitos, vamos entender como a matriz de rastreabilidade se encaixa no gerenciamento de projetos.

Gerenciando os requisitos

Para explicar a importância e funcionamento da matriz de rastreabilidade, precisamos entender bem como funciona o gerenciamento de requisitos.

Os requisitos de um projeto são requerimentos que o projeto precisa seguir para atender às necessidades das partes interessadas.

Definir requisitos é algo de extrema importância para que um projeto seja bem-sucedido, pois, se eles estiverem incompletos ou não forem bem gerenciados, as necessidades finais nunca serão devidamente atendidas.

É por isso que os requisitos não são definidos de qualquer forma. Na verdade, há ferramentas para coleta de requisitos que garantem que eles serão detalhados o suficiente para orientar o trabalho a ser realizado. Alguns exemplos de ferramentas de coleta de requisitos são entrevistas estruturadas, workshops de requisitos, benchmarking, elaboração de um diagrama de contexto, etc.

Depois de mapeados, os requisitos devem ser priorizados. Isso ocorre porque imprevistos ou limitações de tempo e dinheiro podem exigir alterações em certas partes do projeto e, se os requisitos não estiverem priorizados, fica difícil saber o que pode ser deixado de lado e o que é deve ser mantido no projeto. Para ajudar a gerenciar esse tipo de mudança, utiliza-se a matriz de rastreabilidade.

O que é matriz de rastreabilidade de requisitos?

Matriz de rastreabilidade de requisitos é uma ferramenta que explicita a relação direta dos requisitos entre si ou com os outros componentes do projeto. Assim, caso alguma alteração seja feita no projeto, sabe-se quais requisitos serão afetados com tal mudança.

Com uma matriz de rastreabilidade, é possível rastrear a origem dos requisitos, os elos que os ligam com outros elementos do projeto, encontrar inconsistências nos requisitos e garantir que os diferentes níveis do projeto estejam alinhados com os mesmos.

A elaboração de uma matriz de rastreabilidade é importante para garantir que, mesmo com alterações no escopo, o projeto consiga atender aos requisitos estabelecidos, impedindo que eles se percam pelo caminho.

Tipos de matriz de rastreabilidade

Existem diversos tipos de matriz de rastreabilidade. A matriz de rastreabilidade de dependências é a mais comum, e identifica os relacionamentos entre os requisitos. Mas existem outros modelos. Os exemplos mais comuns são:

  • Matriz de rastreabilidade entre funcionalidades: mostra os elos que ligam as funcionalidades de um sistema.
  • Matriz de rastreabilidade de fontes: matriz que permite rastrear a origem (fonte) de cada requisito.
  • Matriz de rastreabilidade de subsistemas: relaciona os requisitos através dos subsistemas pelos quais estão interligados
  • Matriz de rastreabilidade de interfaces: identifica os elos que ligam os requisitos às interfaces internas e externas do sistema.

Como é uma matriz de rastreabilidade de requisitos?

Em geral, uma matriz de rastreabilidade de requisitos tem um formato que permite cruzar os dados sendo rastreados e marcar os pontos de intersecção entre eles.

Confira esse exemplo de matriz de rastreabilidade entre funcionalidades e requisitos de um software de gerenciamento de projetos:

exemplo de matriz de rastreabilidade entre funcionalidades e requisitos

Com a matriz devidamente elaborada, fica muito mais fácil identificar qual o impacto que cada alteração no escopo causará nos requisitos do projeto, e vice-versa.

Geralmente, uma matriz de rastreabilidade de requisitos contém as seguintes informações:

  • ID do requisito: um código único designado a cada requisito para que ele possa ser identificado
  • Nome do requisito: um nome atribuído ao requisito
  • Descrição do requisito: uma descrição mais detalhada sobre o requisito
  • Prioridade: no início do post comentamos sobre a importância de priorizar os requisitos. A matriz de rastreabilidade costuma conter a classificação de cada requisito no que diz respeito a sua prioridade.
  • Situação: indica a situação de desenvolvimento em que o requisito se encontra na atual fase do projeto (fazer, fazendo, feito, etc.)
  • Código de teste: referência para os testes necessários para que o requisito seja validado.

Gerenciando mudanças

É natural que um projeto sofra mudanças em suas especificações ao longo do seu ciclo de vida. Além de utilizar uma matriz de rastreabilidade para ajudar a gerenciar essas alterações, é importante que todas elas sejam avaliadas e, se for o caso, aprovadas.

Quando mudanças precisam ocorrer, é necessário que elas sejam documentadas e absorvidas pelo escopo. Solicitações de mudança costumam conter:

  • Descrição da mudança
  • Tipo de mudança (ação corretiva, ação preventiva, reparo de defeito, etc.)
  • Justificativa da mudança
  • Impactos e benefícios esperados
  • Alternativas em caso de não implementação da mudança
  • Avaliação da solicitação de mudança

A análise e aprovação de mudanças pode ser feita por meio de comitês de análise com participação das partes interessadas ou pelo próprio gerente de projetos. Tudo depende do grau de impacto que tais alterações representam para o projeto.

Mudanças desnecessárias ou que não façam sentido devem ser descartadas e, se for o caso, transformadas em um novo projeto. Isso porque mudanças em projetos aumentam o nível de incertezas e, consequentemente, de ameaças.

Aprovada ou não, toda solicitação de mudança precisa ser mantida em arquivos que compõe a documentação do projeto, pois ela pode ser reavaliada no futuro. É claro que as solicitações de mudança devem ser informadas aos stakeholders, deixando claro o que foi alterado e os impactos que essas alterações representam.

Como gerenciar melhor o andamento do projeto?

Em projetos de pequeno porte, com uma quantidade pequena de requisitos a serem gerenciados, uma planilha ou tabela por si só podem ser suficientes para comportar uma matriz de rastreabilidade e outras ferramentas de gestão.

Entretanto, quando estamos trabalhando com projetos maiores, gerenciá-los por meio de planilhas torna-se inviável, e a possibilidade de erros serem cometidos na hora de atualizá-las é muito grande.

Nesses casos, o ideal é que você busque softwares profissionais que auxiliem nesse gerenciamento. Sendo assim, recomendamos que você leia nosso post sobre o assunto para descobrir as principais funcionalidades de um sistema de gestão de projetos e entender melhor como essas ferramentas podem ajudar. Boa leitura!

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.
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