Extreme Programming (XP): o que é? Aprenda o conceito, valores, princípios e práticas

Escrito por Roberto Gil Espinha

07 Oct 2024

10 min de leitura

Em um mundo em que a velocidade e a qualidade são cada vez mais relevantes, o Extreme Programming (XP) se destaca como uma metodologia ágil que entrega resultados excepcionais no desenvolvimento de software.  

Com foco em práticas como testes constantes e feedback contínuo, o XP garante que o software seja desenvolvido de forma rápida, eficiente e com alta qualidade, atendendo às necessidades dos clientes de forma precisa. 

O que é o Extreme Programming (XP)?  

O Extreme Programming (XP) é uma metodologia ágil de desenvolvimento de software que busca fazer entregas de alta qualidade com rapidez e adaptabilidade.  

Criado por Kent Beck na década de 1990, o XP surgiu como uma resposta à necessidade de mudanças constantes nos requisitos do projeto. Assim, essa metodologia preza pela comunicação constante, feedback rápido e entregas frequentes de pequenas funcionalidades, garantindo que o projeto atenda às exigências reais. 

Para colocar isso em prática, o Extreme Programming define valores, princípios, práticas e um ciclo de vida ideal para a gestão de projetos, elementos que serão detalhados a seguir. Confira!  

Valores do Extreme Programming 

O XP é baseado em cinco valores fundamentais:

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Comunicação 

A comunicação aberta e constante entre os membros da equipe e com o cliente é essencial, pois isso garante que todos estejam alinhados sobre os objetivos, requisitos e progresso do projeto.  

Aqui, é importante reforçar que a comunicação não se limita a palavras, mas práticas como programação em pares e revisões de código também fazem parte da troca de conhecimento. 

| Confira também: plano de comunicação do projeto  

Simplicidade 

O XP incentiva a equipe a fazer apenas o que é necessário para resolver o problema atual, evitando complexidades desnecessárias. A ideia é construir uma solução simples no presente e melhorar conforme necessário, evitando desperdício de esforço em funcionalidades que podem nunca ser usadas. 

Feedback 

Buscar feedback é o que faz o software evoluir e atender às expectativas das partes envolvidas. Esse feedback pode vir de várias fontes, como do cliente (sobre as funcionalidades entregues), dos testadores (sobre a qualidade do código) e dos próprios desenvolvedores (por meio da programação em pares e revisões). 

Coragem 

Os desenvolvedores devem estar dispostos a mudar de direção quando necessário, refatorar o código e alterar requisitos sem medo de perder o trabalho anterior. Assim, este valor se refere a ter a coragem de tomar decisões difíceis, experimentar novas ideias e adaptar-se às mudanças. 

Respeito 

Cada membro da equipe é valorizado e tratado com respeito. Isso inclui confiar nas habilidades e no julgamento dos outros, reconhecendo suas contribuições e promovendo um ambiente de trabalho colaborativo. 

Princípios do Extreme Programming 

Os princípios do XP são diretrizes que ajudam a aplicar os valores no dia a dia do desenvolvimento. São eles: 

Feedback rápido 

O XP encoraja entregas frequentes de software e a integração contínua para garantir que os problemas sejam identificados e corrigidos logo no início. Por isso, a equipe deve receber feedback o mais rápido possível em todas as fases do projeto. 

Assumir a simplicidade 

A ideia é fazer o trabalho mais simples possível que atenda às necessidades atuais, priorizando soluções simples e fáceis de entender.  

Mudança incremental 

O desenvolvimento deve ser feito de forma incremental, em pequenos passos. Cada funcionalidade deve ser desenvolvida e entregue em pequenas partes, permitindo que as alterações e melhorias sejam feitas de forma contínua e rápida.  

Abraçar a mudança 

Em vez de tentar evitar mudanças, a metodologia XP acolhe a adaptação constante. Mudanças nas prioridades, nos requisitos ou no ambiente são vistas como normais e devem ser tratadas com flexibilidade. 

Trabalho de alta qualidade 

O XP preza pela qualidade em todas as fases do desenvolvimento. Isso significa que a equipe se compromete a escrever um código limpo, que seja fácil de entender e manter.  

Foco em pessoas 

A XP reconhece que as pessoas são o motor do desenvolvimento de software e que um ambiente de trabalho positivo é fundamental para o sucesso do projeto. Assim, é preciso valorizar as pessoas e suas habilidades, criando um ambiente de trabalho colaborativo e respeitoso.  

Práticas do Extreme Programming

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Programação em pares 

Dois desenvolvedores trabalham juntos em uma única estação de trabalho, colaborando na escrita e revisão do código em tempo real. Um escreve o código enquanto o outro revisa, e ambos alternam suas funções. Isso melhora a qualidade do código e facilita o compartilhamento de conhecimento. 

Desenvolvimento guiado por testes (TDD) 

Os testes são escritos antes do código, garantindo que o código atenda aos requisitos. O TDD ajuda a garantir que o código seja testável, modular e de alta qualidade.  

Jogo do planejamento (Planning Game) 

O jogo do planejamento é uma reunião semanal onde se define o escopo da iteração, priorizam-se funcionalidades e fazem-se estimativas. Esse jogo estabelece o que será trabalhado na próxima semana, garantindo que o desenvolvimento esteja alinhado às necessidades do cliente. 

Fases pequenas (Small Releases) 

O produto é liberado em pequenas partes funcionais, frequentemente em ciclos semanais. Cada parte adiciona valor ao cliente e permite ajustes com base no feedback rápido, evitando grandes entregas complexas de uma vez só. 

Metáfora 

A equipe usa histórias simples para explicar como o sistema funciona, utilizando uma linguagem que tanto os desenvolvedores quanto os clientes possam entender. Isso cria uma compreensão comum entre todos os envolvidos no projeto. 

Refatoração 

É a prática de melhorar continuamente o código sem alterar seu comportamento externo. A refatoração é feita continuamente para manter o código limpo, organizado e fácil de entender. 

Testes de aceitação 

São testes realizados em conjunto por clientes, analistas e testadores para verificar se a funcionalidade desenvolvida atende aos requisitos e expectativas do cliente.  

Ritmo sustentável 

A equipe deve trabalhar em um ritmo que possa ser mantido indefinidamente, sem a necessidade de horas extras constantes. Isso melhora a produtividade a longo prazo e previne o esgotamento. 

Padronização do código 

Todos os desenvolvedores seguem as mesmas regras de codificação, o que facilita a colaboração e manutenção do código. Um código padronizado é mais fácil de ler e modificar por qualquer membro da equipe. 

Integração contínua 

A cada nova funcionalidade ou correção de bug, o código é integrado ao sistema principal e testado imediatamente. Assim, a integração deve ocorrer várias vezes ao dia, permitindo identificar e corrigir problemas rapidamente.  

Design simples 

O design deve ser o mais simples possível para facilitar modificações no futuro, evitar complexidade desnecessária e reduzir o risco de erros. 

Através desses valores, princípios e práticas tem-se a base do Extreme Programming. Mas, essa metodologia ainda define um ciclo de vida para os projetos, isto é, uma ordem racional em que as ações devem ser realizadas.  

| Leia também: processo de desenvolvimento de software 

Ciclo de vida do Extreme Programming 

O ciclo de vida do Extreme Programming (XP) é dividido em diversas fases iterativas que são repetidas durante todo o projeto, com ênfase em feedback constante, desenvolvimento incremental e colaboração entre a equipe e o cliente. Vamos detalhar cada uma dessas fases:

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1. Exploração 

O primeiro passo do XP é definir os requisitos do projeto e explorar as possíveis soluções. Por isso, o cliente e a equipe de desenvolvimento trabalham juntos para criar histórias de usuário.  

Aqui, não há ainda um compromisso rígido com datas ou entregas, o foco está em entender o problema e explorar alternativas. 

Atividades importantes:  

  • Compreender a dor do usuário; 
  • Criar a metáfora;  
  • Levantar requisitos; 
  • Definir um planejamento inicial. 

2. Planejamento do Release (Release Planning) 

O XP desenvolve o projeto em partes. Então, nesta fase, define-se quais as prioridades e o que será entregue naquele release. Esse planejamento deve ser feito com uma definição de data estimada para a entrega da versão inicial. 

Atividades importantes: 

  • Listar as entregas e marcos do projeto;  
  • Estabelecer prazos;  
  • Priorizar as tarefas.  

3. Iterações  

O ciclo de iteração é a base do XP. Cada iteração dura de uma a duas semanas, durante as quais a equipe desenvolve um conjunto de histórias de usuário selecionadas no planejamento.  

As práticas como programação em pares, TDD (Test-Driven Development), integração contínua e refatoração são usadas para garantir que o código seja de alta qualidade e atenda aos requisitos do cliente. 

Atividades importantes: 

  • Planejar quais histórias de usuário serão implementadas; 
  • Desenvolver os códigos. 

4. Teste de aceitação  

Os testes de aceitação são uma parte fundamental para garantir que o software desenvolvido atenda aos requisitos do cliente. Eles são realizados em conjunto por clientes, analistas e testadores logo após cada iteração, com o objetivo de verificar se as funcionalidades entregues estão de acordo com as expectativas e as histórias de usuário definidas. 

Atividades importantes: 

  • Executar os testes em conjunto com o cliente; 
  • Revisar e ajustar o código com base nos resultados dos testes; 
  • Documentar os resultados para futuras referências. 

5. Pequenas Entregas 

Ao final de cada iteração, uma pequena parte funcional do software é liberada para o cliente. Essas pequenas entregas proporcionam feedback rápido e permitem que o cliente valide se o desenvolvimento está de acordo com as suas expectativas.  

Atividades importantes: 

  • Realizar uma demonstração do software para o cliente; 
  • Coletar feedbacks. 

| A metodologia ágil mais utilizada, segundo o PMI, é o Scrum. Se você quiser conhecê-la também, leia: o guia definitivo do Scrum 

Conclusão 

O Extreme Programming (XP) é uma metodologia ágil que promove entregas rápidas, colaboração constante e uma forte ênfase na qualidade do código. Com práticas como programação em pares, refatoração contínua e testes de aceitação, o XP não só melhora o desenvolvimento de software, mas também cria uma cultura de transparência e eficiência dentro da equipe. 

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Quais são as fases do Extreme Programming? 

O ciclo de vida do XP é composto por 5 fases:  
1. Exploração 
2. Planejamento do Release (Release Planning) 
3. Iterações  
4. Teste de aceitação  
5. Pequenas Entregas 

Quais são os princípios do Extreme Programming? 

O Extreme Programming é baseado em: programação em pares, desenvolvimento guiado por testes (TDD), jogo do planejamento (planning game), fases pequenas (small releases), metáfora, refatoração, testes de aceitação, ritmo sustentável, padronização do código, integração contínua e design simples. 

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.