Você realmente sabe o que é SPRINT? Veja definição e aprenda como fazer na sua empresa

Você realmente sabe o que é SPRINT? Veja definição e aprenda como fazer na sua empresa

Escrito por Roberto Gil Espinha

26 mar 2020

10 min de leitura

Última atualização em: 24|10|2022

As metodologias de gestão de projetos têm evoluído cada vez mais para acompanhar as necessidades de gerenciamento de cada tipo de projeto. Os projetos de TI, por exemplo, que são constantemente mutáveis e envolvem muitos interessados, adotaram as metodologias e frameworks ágeis para acompanhar as etapas de execução de perto e manter todos os envolvidos na mesma página. Dentro desse contexto, o framework Scrum é o mais famoso, e seu ponto chave é a segmentação do trabalho em Sprints.

Neste texto, vamos aprender o que é uma Sprint, quem faz parte dela e como ela se organiza dentro de um projeto ágil.

Pronto para começar? Boa leitura!

O que é uma Sprint?

Sprint, no framework Scrum, é um período de tempo limitado a um mês ou menos, no qual uma versão incremental e usável de um produto é desenvolvida.

Esse conceito vem do termo Sprint, em inglês, que se refere a um tipo de corrida de velocidade em que o atleta percorre uma distância curta num período de tempo mais curto ainda. Sendo assim, a ideia da Sprint no Scrum é que deve-se cumprir uma meta dentro de um período determinado, e que ao final o produto seja “Pronto”.

A duração da Sprint é time-boxed, isto é, limitada a um tempo, e pode variar de uma a quatro semanas, dependendo da produtividade do time para entregar uma funcionalidade completa (no caso dos projetos de TI) ou uma parte funcional do produto (em projetos de outras áreas). Porém, uma vez decidida a duração da Sprint, ela deve ser mantida até o final do projeto.

Assim, conforme a definição de o que é um projeto, a Sprint pode até ser considerada um projeto, já que tem delimitação de tempo, um plano de execução e um padrão de resultado esperado.

Curioso para saber como a Sprint é realizada na prática? Veja a seguir!

 

Como funciona a Sprint - Artia

Como fazer uma Sprint?

Para fazer uma Sprint, além do momento da execução, há 4 Eventos: a reunião de planejamento da Sprint, a reunião diária, a reunião de revisão da Sprint e a retrospectiva da Sprint. Participam desses eventos, em maior ou menor grau, os componentes do Time Scrum, que são:

  • O Product Owner: também conhecido como PO ou dono do produto, é o responsável por maximizar o valor do produto e do trabalho do Time de Desenvolvimento. Também é ele quem tem a responsabilidade de gerenciar o Backlog do Produto, de ordená-lo e garantir que o Time de Desenvolvimento entenda os itens no nível necessário.
  • O Scrum Master: é o responsável por garantir que o Scrum seja entendido e aplicado corretamente pelo PO e pelo Time de Desenvolvimento. Ele age como facilitador dos eventos do Time Scrum, treinando os desenvolvedores em autogerenciamento, interdisciplinaridade e criação de produtos de alto valor. Além disso, o Scrum Master remove os impedimentos para o progresso do Time de Desenvolvimento.
  • O Time de Desenvolvimento: é composto pelos profissionais que realizam o trabalho de entregar uma versão usável e que incremente o produto pronto no final da Sprint. Deve ter duas características: ser auto organizado e multifuncional. Não há sub-times dentro dessa estrutura, todos são considerados desenvolvedores, independentemente de sua função, e o tamanho do time varia entre 3 a 9 participantes.

Tendo esclarecido quais são os papéis necessários em cada Sprint, vamos entender quais são os eventos realizados dentro dela para saber como fazê-la:

1) Reunião de Planejamento da Sprint

A Reunião de Planejamento da Sprint (Sprint Planning) é um evento que acontece antes de cada Sprint, tendo como objetivo definir:

  • O que poderá ser entregue na próxima Sprint; e
  • Como será realizado o trabalho para produzir a entrega.

Todos os integrantes do Time Scrum participam desta reunião, sendo que o time-box máximo é de 8 horas de duração. Em Sprints menores, a duração tende a ser proporcionalmente menor.

O Product Owner começa a reunião apresentando os itens do Backlog do Produto que precisam ser entregues na próxima Sprint, e o Time de Desenvolvimento avalia o que será possível entregar no período.

 

 

Estabelece-se a meta da Sprint, que corresponde ao(s) item(s) do Backlog do Produto, e o Time de Desenvolvimento então decide como irá construir as funcionalidades necessárias.

Para isso, o Time começa a desenhar o sistema e separar o trabalho em unidades de um dia de duração ou menos, podendo inclusive convidar outras pessoas para participar da Reunião e contribuir com opinião técnica.

Como resultado, é produzido o Backlog da Sprint (ou Sprint Backlog), que é a junção dos itens selecionados do Backlog do Produto e seus respectivos planos de entrega.

2) Desenvolvimento (execução)

Assim que a Reunião de Planejamento da Sprint termina, inicia-se a etapa de execução. Aqui, o Time de Desenvolvimento começa a trabalhar segundo os planos de entrega que planejou, atentando-se aos requisitos de produto delineados pelo Product Owner e ao prazo final da Sprint.

Como comentamos, a duração dessa etapa deve ser de no mínimo uma semana e no máximo quatro, podendo variar de acordo com a produtividade da equipe. O importante é que o tempo seja em função de semanas exatas, para facilitar o monitoramento.

3) Reunião Diária

Ao longo da execução da Sprint, o Time de Desenvolvimento se reúne diariamente para avaliar como está o andamento das atividades e definir o que será feito no dia para alcançar a meta da Sprint. São as chamadas Reuniões Diárias (ou Daily Sprints).

O time-box dessas reuniões é de 15 minutos, e elas são comumente realizadas no mesmo local e no mesmo horário. Recomenda-se que o time de Desenvolvimento faça a Reunião Diária em pé, para não correr o risco de ultrapassar o limite de tempo.

É bom lembrar, também, que o Product Owner e o Scrum Master não participam dessas reuniões, já que o Time de Desenvolvimento é auto organizado e tem autonomia para decidir sozinho como o trabalho será realizado.

Há três perguntas que devem ser respondidas na Reunião Diária:

  • O que eu fiz ontem que ajudou o time de Desenvolvimento a alcançar a meta da Sprint?
  • O que eu farei hoje para ajudar o time de Desenvolvimento a alcançar a meta da Sprint?
  • Existe algum obstáculo que impeça o Time de Desenvolvimento de alcançar a meta da Sprint?

Pode-se utilizar recursos como o Gráfico de Burndown ou Burnup para monitorar a produtividade e identificar desvios rapidamente.

representação do gráfico de burndown
 

Imagine, por exemplo, que o Time de Desenvolvimento foi checar o Gráfico de Burndown (acima) no meio da Sprint e percebeu que o desempenho estava dois dias atrasado. Se esse ritmo continuasse, o produto final da Sprint não seria concluído no prazo.

Por meio da comunicação em equipe, o Time identificou que havia um obstáculo no meio do caminho, e uma vez que o elimina, o desempenho volta ao normal.

É por casos como esse que a Reunião Diária é tão importante!

4) Revisão da Sprint

Quando a Sprint chega ao final, é necessário realizar a Revisão da Sprint (ou Sprint Review) para inspecionar o resultado e adaptar o Backlog do Produto, se for o caso. Todo o Time Scrum participa do Evento, que tem time-box máximo de 4 horas.

Os principais pontos de discussão da Revisão envolvem o esclarecimento sobre os itens que foram “Prontos” e os que não foram, a reflexão sobre o que foi bem e os problemas que foram encontrados, e as sugestões do Time Scrum para o que deve ser feito a seguir, levando em consideração as mudanças do mercado, a linha do tempo, o orçamento e as prioridades.

Como resultado dessa reunião é produzida uma nova versão do Backlog do Produto, que poderá ser utilizada na próxima Sprint.

5) Retrospectiva da Sprint

Enquanto a Revisão da Sprint busca avaliar o produto do trabalho do Time de Desenvolvimento, a Retrospectiva da Sprint (Sprint Retrospective) é uma oportunidade para que a equipe avalie a si mesma, refletindo sobre suas práticas e desenhando melhorias para aplicar na próxima Sprint.

Participam dessa reunião o Time de Desenvolvimento e o Scrum Master, que tem a responsabilidade de ensinar a equipe a seguir o processo Scrum e a ficar dentro do time-box de, no máximo, três horas.

Ele encoraja a equipe a melhorar o processo de desenvolvimento de acordo com o framework do Scrum, ajudando-a a planejar formas de aumentar a qualidade do produto e a adaptar a definição de “Pronto”.

Desse modo, no final da Retrospectiva da Sprint, o produto será a relação das melhorias a serem implementadas no próximo ciclo. O final desta reunião marca o final oficial da Sprint.

A figura a seguir mostra o processo da Sprint de maneira resumida:

Depois de todo esse trabalho, talvez você esteja se perguntando se adotar as Sprints no desenvolvimento de seus projetos realmente vale a pena. Acompanhe o próximo tópico e confira a resposta!

Por que adotar Sprints na rotina de projetos?

Como você viu, o principal objetivo de se trabalhar em Sprints é o constante acompanhamento das entregas do projeto, garantindo maior satisfação dos clientes com o resultado final.

Ao contrário do que ocorre nas metodologias preditivas (como a Cascata), onde se planeja tudo de uma vez e há apenas uma entrega ao final do projeto, as Sprints quebram o trabalho em partes menores, fazendo com que a equipe possa ir definindo os pacotes de trabalho ao longo da execução.

Justamente por esse motivo, os atrasos e inconformidades nas entregas das Sprints são significativamente menores do que os apresentados em outras metodologias. O time tem mais consciência sobre os prazos, pois participa ativamente das reuniões de planejamento, e pode comunicar-se internamente quando sentir que não conseguirá cumpri-lo, procurando alternativas e evitando desvios antes que eles tragam consequências sérias para o projeto.

Outro motivo pelo qual a Sprint é uma boa opção para projetos de TI é o fato de que ela obriga os participantes a priorizarem as atividades que eles têm para executar antes do início de cada ciclo de trabalho.

Essa atitude pode revelar tarefas que não façam mais sentido para o produto final depois de um tempo, ou mesmo chamar a atenção da equipe para aspectos que precisem de um esforço extra na hora da execução.

 

 

Tirou todas as suas dúvidas sobre Sprints? Se precisar de mais conteúdo a respeito desse assunto, recomendamos a leitura de nosso GUIA completo para implementar o Scrum na sua empresa. Assim, você fica por dentro do framework no qual as Sprints são o recurso principal, e ainda tem acesso a algumas dicas do que não fazer ao colocá-las em prática.

Roberto Gil Espinha
Com mais de 20 anos de experiência em projetos com especial ênfase em Finanças e TI, vários destes como executivo da Datasul, atual Totvs. Atualmente é sócio Diretor da Euax, e lidera a equipe que desenvolve e comercializa o Artia, uma ferramenta inovadora voltada para a Gestão de Projetos. Também atua como consultor em empresas na estruturação de seus processos e metodologias de gestão de projetos, infra de TI e na adoção de boas práticas de engenharia de software. Bacharel em Administração de Empresas, com especializaçõe em Gestão Empresarial pela FGV-RJ e em Engenharia de Software pela PUC-PR. Certificado PMP e PMI-ACP pelo PMI, ITIL Foundation pelo EXIM e CSM, CSP pela Scrum Alliance.
Comentários (3)
  • Gostei muito do texto, é bem claro direto e com uma boa explicação, fácil de entender. Clareou muito a minha visão sobre o assunto e me deu um bom direcionamento.

    Obrigado por compartilhar seu conhecimento.

  • Estou com a situação onde planejei a Sprint com dois dias de feriado de carnaval. porém agora o squad resolveu trabalhar para acelerar uma entrega. Devo tomar alguma ação no planejamento (AzureDevops)? Como agir neste caso, deixar as horas serem lançadas pelo time?

  • Bom Dia. Gostei muito de seu texto, simples mais esclarecedor. Gostaria de tirar uma dúvida há diferença entre sprint 0 e sprint plainning. Obrigada.

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